Na data de 8 de março é comemorado no mundo todo o Dia Internacional da Mulher. Diferente de muitas outras datas comemorativas, esta não foi criada pelo comércio, o dia internacional da mulher vem da luta feminina por igualdade no trabalho.
Mulheres nos Estados Unidos e em alguns lugares da Europa iniciaram um movimento para reivindicar direitos e condições de trabalho igualitário ao dos homens. Mas foi em 1975 que a ONU (Organização das Nações Unidas), oficializou como “Ano Internacional da Mulher”, que tem por objetivo celebrar as conquistas políticas e sociais femininas.
Estima-se que esta data vem sendo celebrada desde o início do século 20 e apesar de tanto tempo depois, ainda se vê desigualdade de gênero e desrespeito ao sexo feminino.
Alguns indicativos mostram que os cargos de liderança ainda são um tabu na hora de contratar ou até mesmo de eleger representantes para cargos públicos do sexo feminino. Atualmente com mais de 370 anos, Taubaté nunca elegeu uma prefeita e de 19 cadeiras na Câmara Municipal, apenas 4 são ocupadas por mulheres nesta legislatura.
Uma dessas vereadoras eleitas em Taubaté é Loreny Caetano, que além do fato de ser mulher, ainda é a vereadora mais jovem em exercício na cidade, o que pode apontar para uma leve mudança de comportamento do eleitor, mas para ela, faltam debates e o número de mulheres no legislativo é reflexo direto do machismo no Brasil.
“Isso é muito significativo, é o reflexo de um conservadorismo e do machismo da história na nossa sociedade. Sendo a população no Brasil e de Taubaté também, composta por mais de 50% de mulheres, significa que até as próprias mulheres não votam em mulheres e enxergam que homens devem assumir esses papeis de liderança e cargos públicos”, comenta a parlamentar.
Apesar desse fato aparecer no contesto municipal, a vereadora ressalta que o problema é histórico no mundo todo, “Isso é reflexo da dificuldade histórica que a gente tem no nosso país e no mundo, da desigualdade do papel da mulher na sociedade. Isso é um problema e precisa ser enfrentado para que mulheres votem em mulheres também”.
Com a chegada da internet e das redes sociais, os movimentos feministas cresceram e ganharam ainda mais visibilidade e a adesão dos jovens, mas por muitas vezes os conceitos são destorcidos por conteúdos falsos ou equivocados e a rede pode tanto ajudar quanto atrapalhar na luta das mulheres.
Sobre isso a filósofa e doutora em Ciências Sociais, Cristiane Cobra, orienta, “A questão da internet é bem contemporânea, ela pode contribuir para disseminar falsos conteúdos mas também pode ser um espaço de divulgação e informações para ampliar a conscientização das mulheres e dos homens. Vai de cada um a busca por fontes seguras. É uma das ferramentas mais importantes”, explica.
Cristiane Cobra destaca ainda outros universos fora da internet, “Tem que agregar a reflexão e busca pelas leituras tradicionais, conhecer o pensamento dessas autoras feministas e figuras masculinas que apoiam a igualdade de gênero”.
Mudanças:
Com tudo, vereadora e doutora concordam na promoção da reflexão, debates e conhecimento para a mudança e conquistas cada vez maiores para a igualdade de gênero.
“A forma da gente transformar essa realidade é justamente promovendo reflexão, é uma transformação de base cultural em que a sociedade precisa viver da forma como ela enxerga a mulher e o papel da mulher na sociedade e isso é feito através de manifestações, debates, academia, escolas, disso ser discutido desde pequena com nossas crianças, eu acredito muito na transformação com base na criança”, disse a vereadora Loreny Caetano.
Nesse aspecto de mudança passando pelo âmbito acadêmico, surge a moradora de Quiririm, Maria Clara Borges. A aluna de psicologia é destaque com seu projeto com o tema “O trabalho da violência contra a mulher juntamente à população masculina”. O projeto foi inscrito no Prêmio de Inovação da UNITAU e classificado entre os dez melhores.
O objetivo é revelar a seriedade da violência para o público masculino, e não focar apenas no sofrimento da mulher. A proposta é trabalhar com qualquer homem que queira entender o problema. “Eu acredito que uma forma de prevenção contra esse tipo de violência é trabalhar diretamente com o público masculino em geral, não apenas com o agressor, para que entendam a gravidade causada”, afirma a estudante.
A guerra dos sexos por hora explícita e por outra velada, ainda separam dois mundos que habitam o mesmo universo, o da raça humana, e a filósofa Cristiane Cobra acredita na união, “A mulher tem multiplicidade de papéis e procura desenvolver o papel com dignidade em busca do direito e isso não tem que ser visto pelos homens como ameaça e nem elas os verem como inimigos e sim como parceiros de convivência”, conclui.
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