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Rock nacional ressurge nas telonas em forma de documentário

Em uma fase onde o sertanejo toma conta da maior parte do mercado e mídia musical nacional, um documentário totalmente do rock, mais precisamente dos anos 90, trás de volta para as telonas a história de sucesso de um selo independente, que colocou o rock “brazuca” de vez no topo do cenário nacional.

Com uma pitada de humor e seriedade como o rock deve ser, e muitas histórias nostálgicas, o Documentário “Sem Dentes – Banguela Records e a turma de 94”, chamou a atenção da grande mídia nacional e também de um dos maiores festivais de documentário musical, o “In-Edit” (Festival Internacional) onde foi exibido.

Um dos mais importantes selos musicais que centralizou a explosão do rock 90, comandado por Carlos Miranda e incentivado por nada menos que os Titãs, é retratado no filme com entrevistas com Raimundos, Mundo Livre S/A, Maskavo Roots, Pato Fu, Samuel Rosa, Dado Villa Lobos e Nando Reis que, em 121 minutos trazem a esperança dos amantes do gênero sobre uma nova possibilidade de uma outra geração tão avassaladora como “a turma de 94”.

Miranda, criador do selo Banguela Records, responsável por lançar Raimundos, Mundo Livre S/A, entre outros – Foto: Divulgação

O DOC:

Com direção de Ricardo Alexandre, roteiro de Alexandre Petillo, direção de arte de Erick Miranda, o documentário traz em sua produção o toque de dois Quiririenses, André Pires (Produção Executiva, imagens e direção de Fotografia) e João Justi (Imagens).

“Esse filme para mim é um grande começo, uma oportunidade para trilhar novos caminhos no documentário. Não é fácil viver de documentário no Brasil. Mas a gente vai abrindo caminhos pouco a pouco, e vai fazendo essas loucuras todas (risos)”, comenta André Pires.

“Foi uma experiência incrível, porque acompanhei como fã praticamente toda essa geração de rock que é retratada no filme, e após tantos anos poder sentar cara a cara com os músicos que ajudaram a compor a trilha sonora de uma parte da minha vida ou com os críticos que escreveram os textos que me influenciaram decisivamente a escolher o jornalismo como profissão é quase surreal”, descreve João Justi.

A ideia, que surgiu com o jornalista Alexandre Petillo após ler o livro “Cheguei bem a tempo de ver o palco desabar”, do escritor e também jornalista Ricardo Alexandre, tem como foco o rock anos 90, daí o início de tudo, “Depois da ideia no papel, eles precisam viabilizar a parte técnica. Aí um dia o Alê e o Erick, sócios da produtora Kurundu Filmes, vieram em casa e me convidaram pra fazer parte disso tudo. Aí topei, claro”, conta André Pires.

Eric Miranda, Ricardo Alexandre e André Pires durante gravação – Foto: Acervo André Pires

Além de contar a história do selo Banguela Records, o documentário revive a história do pop/rock 90, “Faz uma contextualização histórica, fala da decadência das bandas cultuadas nos anos 1980, o reinado do sertanejo e axé, e dos motivos que colaboraram para o surgimento de uma nova geração, desde a profusão dos fanzines e fitas demos, até a chegada da MTV no Brasil. Aí desenrola com algumas histórias sobre as bandas do Banguela, culminando no fim do selo, uma certa decadência da geração”, explica Pires, que ressalta, “Mas deixa uma mensagem bem positiva sobre o cenário atual, mas aí tem que assistir o filme para saber (risos)”.

Onde assistir:

Detalhado, o documentário teve sua produção inicial em fevereiro de 2014 e foi concluído para exibição no final de junho de 2015. Há princípio o filme só é exibido em sessões especiais que rodam o Brasil.

“Aqui no Vale por enquanto só uma sessão está confirmada. Próximo sábado, dia 11, no SESC de São José dos Campos (17h, entrada franca – retirar ingresso 1h antes do evento). Depois tem dia 13 em Belo Horizonte, 18 no SESC Jundiaí, 21 SESC Presidente Prudente, 27 em Porto Alegre. E mais algumas ainda sem data. Mas já temos alguns contatos em vista para aquisição dos direitos de veiculação e exibição. Nada certo, mas pode acontecer. Enquanto isso, não podemos liberar o filme para o público. Quem quiser assistir tem que ir numa dessas exibições”, convida Pires.

Entre tantos monstros do cenário musical nacional, o destaque do “DOC” fica mesmo com o produtor Miranda, que é o centro do filme, “Não sei qual depoimento dele é o melhor. Inclusive alguns muito bons ficaram de fora por questão do tempo. Mas, quando ele conta como surgiu de fato o selo Banguela, sem dúvida é um dos pontos altos e um fato que pouca gente conhecia, inclusive nós, produtores”, afirma André.

Arte: Divulgação Sesc São José dos Campos

Curiosidade:

“A coisa mais estranha tinha que vir da gravação com o Miranda, claro! Estávamos no meio da entrevista e chegou um cara para levar um sofá do Miranda para arrumar. Mas o cara chegou sozinho, achava que o sofá era pequeno, mas era imenso. Aí tivemos que ajudar o rapaz. Foi a maior manobra para tirar um sofá gigante do apartamento do Miranda pela escada. Os gordinhos tudo passando mal, eu, Erick e Justi”, relembra André.

Situação atual do rock:

Soa clichê, mas pode ser exatamente o que acontece no Brasil atualmente, “O Rock não morreu”, apenas precisa de forças para, como sempre fez, conquistar o seu espaço. “Acho que não está em baixa de qualidade, mas sim em baixa de mídia.

Foto: Divulgação

 

A grande mídia não aceita. Claro que isso não é nada bom, mas sempre foi assim, com fases melhores e piores. Ao mesmo tempo me parece que existe uma nova geração forte aparecendo aí, buscando espaço e usando bem a internet para divulgação, fazendo shows por todo o Brasil. Ainda é pequeno, claro, mas tem bandas excelentes”, analisa André Pires.

 

Da mesma forma de quando o rock nacional dos anos 90 ainda era uma sonho, onde quem apostava em alguma banda dizia, “você ainda vai ouvir falar dela”, o documentário “Sem Dentes – Banguela Records e a Turma de 94”, também está aí e como um meteoro é possível afirmar, “você ainda vai ouvir falar dele”, se é que já não ouviu.

Confira agora o vídeo teaser do documentário Sem Dentes – Banguela Records e a turma de 94 :

Clique aqui e acesse o site oficial do documentário

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