No oitavo dia de paralisação, os funcionários da Volkswagen – Unidade Taubaté, seguem sem entrar na fábrica esperando uma nova rodada de negociação entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté. A greve teve início após as demissões de 50 trabalhadores.
Em um vídeo enviado pela assessoria de imprensa do Sindicato, o presidente Hernani Lobato aparece enviando um recado aos trabalhadores e agradecendo o apoio daqueles que aderiram a greve, “Para que a gente possa reverter essas demissões que ocorreram de forma injusta, pois a Volkswagen continua de forma intransigente, não querendo negociar o que realmente atenda as nossas expectativas”, disse no vídeo o presidente sindical.
O Sindicato informou ainda que uma reunião no Tribunal Regional do Trabalho, em Campinas, será realizada nessa terça-feira (25), e a greve continua até que haja uma posição oficial do sindicato.
Em sua última nota emitida, a Volkswagen Taubaté reafirmou que a queda nas vendas de veículos e a previsão de queda tanto nas vendas como na produção para 2016, são os principais motivos das demissões, já que a planta de Taubaté é a que tem a média de remuneração mais alta entre as fábricas no Brasil.
“Com relação aos custos de pessoal elevados, foram propostas modificações nos conceitos de reajuste de salários e participação nos resultados, mas com modelos de compensação aos empregados, e com possibilidade de planejamento para todos. Lamentavelmente, a última proposta apresentada pela empresa foi rejeitada pelo sindicato e reprovada em assembleia pelos trabalhadores, sem a apresentação de alternativa suficiente frente ao cenário por parte da Entidade Sindical”, disse em nota.
A empresa disse estar disposta a discutir alternativas que “verdadeiramente atinjam o equilíbrio necessário para o futuro da nossa unidade”.
Volkswagen do Brasil – Unidade fabril de Taubaté – Esclarecimento público
Com a forte retração nas vendas de veículos na indústria automotiva nacional em 2014 e nos primeiros sete meses de 2015, a previsão da Anfavea para esse ano é de queda de 20,6% nas vendas e de 17,8% na produção. A indústria deixará de vender mais de 700 mil veículos e de fabricar mais de 560 mil veículos neste ano, na comparação com 2014 – que já havia sido um ano de queda em relação a 2013. A indústria deverá utilizar neste ano menos da metade de sua capacidade instalada no Brasil, que é estimada em 5,6 milhões de veículos. Isto reflete em um elevado excedente de mão de obra nas empresas do setor, conforme também sinalizado pela Anfavea, uma vez que o número atual de empregados é de 136 mil pessoas para uma produção que deverá ficar no patamar de 2006 (2,7 milhões de veículos), quando o setor empregava 107,4 mil pessoas.
Especificamente com relação a unidade de Taubaté – uma das unidades mais modernas da Volkswagen do Brasil depois dos investimentos recebidos nos últimos anos – desde 2013 a Empresa tem adotado diversas medidas de flexibilidade, como férias coletivas, banco de horas, entre outras. Após a suspensão do 3º turno de produção no primeiro trimestre deste ano, a empresa também introduziu a suspensão temporária de contrato de trabalho (lay-off) para parte dos empregados. Porém, tais medidas não foram suficientes. Além disso, a unidade possui um nível de remuneração maior do que a média da região e das outras fábricas da empresa.
Há um Acordo Trabalhista vigente que foi estabelecido em premissas de mercado e vendas que não se confirmaram. Quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva era que a indústria automobilística atingisse mais de 4 milhões de unidades em 2015, mas o que ocorreu de fato foi uma retração para menos de 2,7 milhões. Considerando que a Volkswagen pauta suas Relações Trabalhistas em um modelo de diálogo permanente, e busca estabelecer condições para um futuro sustentável da unidade de Taubaté, a Empresa procurou o Sindicato para discussão de alternativas ao cenário apresentado.
As negociações se iniciaram há quatro meses, com apresentação, pela empresa, de diversas propostas de aditamento ao atual acordo, revisando condições neste estabelecidas e propondo novas com foco no equilíbrio financeiro da fábrica frente ao cenário atual de mercado e as projeções para 2015 e 2016. Após diversas conversas com a entidade sindical, a Empresa chegou a uma proposta consistente com objetivo de adequar o efetivo de pessoal e os custos trabalhistas de forma equilibrada e sustentável. Para adequação do efetivo, esta proposta contemplava a continuidade de Programas Voluntários com incentivo financeiro, Programas de Aposentadoria e também a internalização de algumas atividades para alocação de parte do excedente de pessoal. Com relação aos custos de pessoal elevados, foram propostas modificações nos conceitos de reajuste de salários e participação nos resultados, mas com modelos de compensação aos empregados, e com possibilidade de planejamento para todos.
Lamentavelmente, a última proposta apresentada pela empresa foi rejeitada pelo sindicato e reprovada em assembleia pelos trabalhadores, sem a apresentação de alternativa suficiente frente ao cenário por parte da Entidade Sindical.
Em razão da urgência do cenário, conforme previamente informado, a empresa teve que iniciar as medidas de adequação de custos com foco na sustentabilidade do negócio. No entanto, a entidade sindical decidiu deliberar pelo movimento grevista, o que apenas prejudica ainda mais a situação da fábrica de Taubaté.
A empresa reforça que está disposta a discutir alternativas que verdadeiramente atinjam o equilíbrio necessário para o futuro da nossa unidade.
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