Os três amigos e a alma penada - Ilustração Fábio Scarenzi / Scapa Cultural

Lançado há 22 anos atrás, o “Livro de Contos”da Società 30 di Aprile, livro este que guarda histórias contadas por descendentes de italianos que em Quiririm moraram, será, a partir de agora, resgatado e veiculado toda semana com um conto diferente, dentro do editorial do Portal Quiririm News.

Nessa primeira publicação, você fica com o conto dos Três amigos e a Alma penada, conto registrado por Maria Lourenço Taino Coutinho, carinhosamente chamada de Dona Lei.



 

O conto:

Eram três amigos inseparáveis. Os três descendentes de famílias italianas. Estavam na idade de bailes, festas e curriolas.

Todos os finais de semana, o trio se preparava colocando suas melhores roupas, seus sapatos engraxados e partiam para um bairro vizinho: Escaveira ( hoje bairro Independência), a procura de diversão e garotas bonitas. Tudo que combinavam era tratado em um bar local, no bar do Vasconcelos, ponto de encontro da rapaziada do Quiririm.

Numa certa sexta-feira, estavam os três à combinar  como fariam naquele fim de semana e, sem que percebessem, a conversa estava sendo ouvida por um quarto amigo, que por sinal, era dos mais arteiros, embora não gostasse de frequentar bailes.

Assim era a conversa: “Amanhã, sábado, haverá um baile especial no clubinho da Escaveira”. Resolveram sair do Quiririm entre 19 e 20 horas. Saíram a pé, como sempre, poriam os pés na estrada que passava e ainda hoje passa, em frente ao cemitério local. Ficou combinado que só voltariam no final do baile, mais ou menos à meia noite.

Pela cabeça do quarto amigo, mais que depressa passou uma ideia que ele considerou genial. Por volta das 23h, saiu ele sozinho de Quiririm e foi até o cemitério, pulou o muro e ficou fazendo companhia as almas, esperando pelos três amigos que haviam bailado e namorado até altas horas.

Mais ou menos à meia noite, ele ouviu três galanteadores que voltavam felizes, contando suas façanhas. Neste momento o nosso arteiro subiu ao muro do cemitério e, de braços abertos deu um suspiro apaixonado, sem se deixar conhecer.

Os três amigos correram tanto que, quando avistaram a primeira casa do Quiririm, entraram sem sequer bater.

O desespero era tanto que um deles levou a porta no peito. Hoje, só um dos quatro ainda vive, em Tremembé-SP, porém todos  ficaram acreditando que viram alma penada, alma do outro mundo.

Acreditaram que viram fantasma, e toda as vezes que contavam esse fato, o que mais se ouvia era a expressão:

_Porca pipa!

_Porca miséria!

Esse fato é verídico, e as pessoas que deles participaram pertenciam às famílias, Bertazzi, Dragoni e Corbani.

*Esse conto faz parte do “Livro de Contos”, produzido em 1994, pela Società 30 di Aprile, de Quiririm – Taubaté-SP.

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